Cerca de 44 milhões, ou cerca de 14%, da população dos EUA, são hispânicos ou latinos, de acordo com o U.S. Census Bureau, espécie de IBGE norte-americano. Mesmo assim, o mercado para filmes estrangeiros é extremamente fechado e filmes de fora ficam restritos ao circuito de arte – geralmente representado pela rede Landmark Theatres.
A FigaFilms, distribuidora especializada em filmes latinos no exterior, pretende lançar seis longas e dois curtas este ano. Entre eles, quatro títulos comentados e premiados no Festival de Gramado ano passado: os brasileiros Nome Próprio, de Murilo Salles, Crítico, de Kleber Mendonça Filho, o curtametragem Blackout, de Daniel Rezende, além do argentino Por Sus Propios Ojos, de Liliana Paolinelli.
Nome Próprio, que faturou em Gramado o Kikito de Melhor Filme e é baseado nos livros e blogs de Clarah Averbuck, vai estrear com o nome de Camila Jam. “Ele deve entrar entre setembro e outubro”, afirma o diretor de aquisições da FigaFilms, Sandro Fiorin, que atua nos EUA há mais de 20 anos. “O filme deve entrar em cinemas de arte de Nova York e São Francisco. Boston, Miami e Washington DC também são possibilidades. Tudo depende da receptividade em Nova York e as críticas dos jornais”, completa Fiorin.
O argentino Por Sus Propios Ojos, cujo título internacional é Proper Eyes, deve estrear entre julho e agosto. Em Gramado, o longa faturou os Kikitos de Roteiro e Melhor Atriz. Também estão no catálogo da FigaFilms o longa Corpo, de Rubens Rewald e Rossana Foglia, curta Cotidiano, de Joana Mariani, além do longa chileno Desierto Sur, de Shaw Gerry, e o uruguaio Matar a Todos, de Esteban Schroeder.
Os filmes que não estrearem nos cinemas dos EUA devem ser distribuídos diretamente em DVD ou em VOD (Video on Demand) conteúdo pay-per-view distribuído online.
Mercado fechado
Fiorin, que ano passado distribuiu Casa de Alice, longa de Chico Teixeira que teve cerca de 100 mil espectadores nos EUA, chama atenção para a o tamanho do mercado. “Já conseguimos um certo prestígio e respeito, porém somos realistas e sabemos das limitações do mercado americano quanto a filmes estrangeiros”.
Para ele, produções que se encaixem sob o chapéu de “universais”, têm mais espaço comercial. Fiorin encontra justificativas para um longa que foge totalmente desse padrão. “Nome Próprio tem uma energia especial, coisa de gente bem jovem, geração internet, coisa que não podia ser mais universal. Um filme com o qual ninguém fica em cima do muro, ou ama ou odeia. Exatamente isso que queremos, reação e bate papo depois de assistir a nossos filmes, food for thoughts (munição para as idéias)”.